quarta-feira, 9 de maio de 2012

[O AUTO.RE.CONHECIMENTO]


O amor que eu te tenho é um amor humano.
Longe da perfeição.
Pende algumas vezes pro ciúme.
Balança comigo quando crio os meus medos.
Mas abro os ouvidos pra você e ele se renova.
Volta batendo diferente.
Maduro e mais antigo.
Sonhando de pés no chão, comigo.

Não sei porque isso acontece.
Se eu no meu silêncio mais sagrado 
me apego tanto a ele que meu peito aperta.
Sei que é possível que ele permaneça 
de maneira que você mereça,
porque eu mesma, 
cheia dos meus espelhos internos,
auto-olhares modernos,
jamais vi tanta verdade em mim.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

[ESPELHO ESPELHO NOSSO]


Estou dedicando muito tempo e energia, refletindo muito sobre o que me incomoda. Quanto mais perto dos trinta anos, melhor quero me entender e mais intenção tenho de me aceitar. Alguns defeitos no pacote para que eu jamais esqueça que sou humana e que essa é uma passagem de aprendizagem. É duro ser perfeccionista e saber no fundo que ser perfeito não existe e não é bem o que eu quero. É duro ser ansiosa e saber que os nós que eu tenho na boca do estômago prestes a algum acontecimento importante não mudam absolutamente nada sobre ele. Estou perdendo a vergonha de não ser estritamente uma coisa só, de não ficar posta sobre verdades maiores que eu. Percebo que prefiro dançar entre as coisas que eu entendo e que não, prefiro que me dêem a mão, nada nessa vida vai substituir a companhia de quem me quer bem.
Mas o que me incomoda. Eu preciso olhar pra isto. Preciso saber porque o que o outro fala que não me afeta me incomoda. Porque as mentiras dos outros me dão uma ponta de culpa e reserva. Porque o o lema da vida do outro bate na minha moral e eu ouço um estilhaço. No fundo do meu coração eu quero que todo mundo disfrute da sua liberdade no tamanho que ela tem pra cada um. E espero que essa mania de me incomodar, me questionar e me identificar, jamais me leve pra os extremos da existência. Paz interior pra mim é que alguém me dê a mão, nada nessa vida vai substituir a companhia de quem me quer bem.     

[O LINDO ULULANTE]


Eu vi um bando de pássaros pretos passarem voando pro norte. Passaram por cima da minha cabeça, minha casa, minha janela, as àrvores à frente dela. Iam todos bem unidos desenhando um pássaro maior no céu. Um vôo ensaiado e com pressa. Cheio de determinação e direção certa. Que susto eu tive de ver isso agora, enquanto trabalho aqui com um livro maravilhoso lido e relido sobre o meu colo, acessando todas as minhas possíveis sutilezas e suscetibilidades.
Penso que a mensagem nesse curta de dois segundos e meio era a mais simples possível. Pra que eu não esqueça o mundo acontecendo. De olhar pra ele com olhos de aprendizado. E sair da sombra boa desse medo de assumir quem eu sou, o que eu sei, de onde vim, pra onde quero seguir.

[HOJE]


Estou vivendo para você. Para tudo que você me dá. O que você me traz nessa surpresa sutil da passagem das horas, certamente tem o dedo do anjo com quem converso diariamente. Não sei que nome dar ao anjo. Nome de mulher eu quero dar, porque embora esse gênero de homem lhe tenha caído bem ao longo da história da língua portuguesa, é um anjo feminino em mim que me olha e me entende. Sabe do meu medo quando minhas aventuras se desenrolam para mim. Tem um pouco de pavor das palavras das pessoas. Se afasta razoavelmente do negativo. Vive na medida do possível da fé.
É uma criatura um tanto estranha, pois não fala e parte do seu dever de existência é me ouvir. Me mantém forte. Me dá sorte. Não impede que eu me importe demais. Na verdade, me deixa sofrer como parece que deve ser. Me permite o sabor de cada parte que compõe o viver. Não me deixa esquecer de marcar a minha passagem com gratidão. Obrigada já, agora, hoje, então.