Me aproprio
de uma foto
Quando a
pego no papel
Memória
fosca e quente
Impressa em
pixels
De se olhar
De lembrar
momentos
Em que fui
personagem redondo
da prosa de
minha própria vida.
Personagem
que já mudou.
Que narrou
e pausou a cinza das horas
Que esperou
sem saber o que
viria
pós-ciclos
pós-sorrisos
pós-poses.
Fui e sou
narrador-personagem
vivendo a
viagem
se
anunciando nos movimentos,
prevendo
momentos,
fingindo
tê-los
tesos entre os dedos.
Nas
fotografias
faço faces
dito frases
solto
palavras que me prendem o sorriso.
Comprimo o
peito
olho as
cores
finjo que
posso pegar o que o momento me dá
nas mãos.
Invés disso
Vivo
silencioso
a frustração de me conformar
com o tempo
num papel
fosco
quente
Impresso em
pixels
de se
olhar.